07.08.2019 – Hoje Attilio Fontana completaria 119 anos

“Eu, que vim ao mundo sob a ameaça de não completar seis meses de existência, já palmilhei três quartos deste século ferido pelas cicatrizes de duas grandes guerras, e posso dizer que conheci a vida pelo direito e pelo avesso”, disse Attilio ao completar 78 anos.

Attilio Francisco Xavier Fontana deveras atravessou a vida desafiando corajosamente as cicatrizes do século XX, fazendo triunfar com pertinácia o lado direito do destino e superando com vigor os seus avessos, pois realizou feitos que só pioneiros e desbravadores realizam, e deixou um legado notável à economia brasileira e um exemplo inequívoco às gerações que se sucederam.

Nascido em 7 de agosto de 1900, no povoado de Arroio Grande, distrito de Silveira Martins, no Rio Grande do Sul, Attilio era o oitavo dos doze filhos dos imigrantes italianos Romano Fontana e Thereza Dalle Rive. O casal saiu de Vicenza, ao norte da Itália, em 1888, e se fixou em Santa Maria, com apenas cinco mil e quatrocentos reis para começar uma nova vida, integrando o grupo de pioneiros italianos que no final do século XX chegou para povoar o chão gaúcho. Deles, Attilio receberia uma herança importante – valores – que carregaria por toda sua vida: “nunca faltar com a verdade, ser ordeiro, ter amor à casa, à família, aos irmãos, à pátria e ao trabalho, sem esquecer o temor a Deus” (livro História da Minha Vida, pág. 6). E ainda: “A lei do trabalho tinha um sentido bíblico em nossa casa. Nosso alimento era obtido com o suor do rosto de toda a família” (livro História da Minha Vida, pág. 8).

Foi aos 8 anos que o menino Attilio começou a trabalhar na lavoura, lidando com a cultura e com o beneficiamento – difícil e primitivo à época – do milho, do trigo, do feijão e da cana. E foi nessa tenra idade que teve, com sucesso, sua primeira experiência comercial, ao vender bolachas na festa de São Pedro: comprava seis por um tostão e vendia cinco pelo mesmo valor. E a imagem daquele menino da roça com uma lata de bolachas nas mãos a oferecer sua mercadoria identificou para sempre o homem de espírito empreendedor. “Era, sem dúvida, a semente do homem em que me transformei” (livro História da Minha Vida, pág. 15.)

Após uma exitosa passagem pelo comércio durante a juventude, o espírito pioneiro levou Attilio Fontana a criar, em 1944, um dos mais importantes empreendimentos do agronegócio no Brasil, a então Sadia Concórdia, que se multiplicou em atividades e frentes de trabalho. Foi responsável por implantar no País o sistema de fomento agropecuário na suinocultura e na avicultura, colocou na mesa dos brasileiros e de consumidores de dezenas de países inúmeros alimentos conhecidos pela alta qualidade, além de levar a Nação à liderança na produção e exportação de carne suína e de frango.

E foi pelas mãos desse incansável empreendedor que, em 1976, foi criada a então Fundação Attilio Fontana, com a finalidade de proporcionar aos empregados planos de benefícios de natureza previdenciária complementar, através da suplementação de aposentadorias, pensões e auxílios doença para funcionários, dirigentes e seus dependentes. Trata-se do Plano FAF, que em 2012 passou para a gestão da BRF Previdência, integrando atualmente cerca de 14 mil participantes e um patrimônio de R$ 3,2 bilhões.

Attilio Fontana também se destacou na política tendo sido vereador e prefeito em Concórdia, SC, deputado federal, vice-governador de Santa Catarina e Ministro da Agricultura. Em 15 de março de 1989 morria Attilio Francisco Xavier Fontana, em São Paulo, aos 88 anos. Por seu legado e suas realizações ele integra a galeria dos mais importantes empreendedores brasileiros.

7 de agosto de 2019.

ASBEF – Seu futuro, nossa luta